Abrolhos

terça-feira, 11 de maio de 2010

O Poder

Ah, o poder...
Roupa de grife, perfume importado, acessor pra tudo, carro a disposição.
Ah, o poder...
Viagens a "trabalho", fotografia no jornal, presentes e descontos.
Ah, o poder...
Discutir de igual pra igual com um empresário cujo saldo médio pode ser centenas de vezes maior que o seu, ser paparicado e até ser temido por ele.
Ser convidado para festas, mulheres dando em cima, decidir com uma canetada se milhares de pessoas vão receber água ou esgoto antes de outras milhares de pessoas. Se uma multinacional vai se instalar ou não aqui, alí ou acolá. Ser bem tratado em qualquer lugar, pessoas humildes lhe beijando a mão. Decidir se o dinheiro vai ser gasto com um hospital, creche ou escola, decidir se a natureza vai ou não morrer alí. Seria a reencarnação dos césares decidindo a vida dos cristãos com o polegar?
Eu estou falando de um político...honesto.
Nada disto é crime ou passível de alguma punição.
O poder é muito sedutor, uma festa dos sentidos, por mais que o outro lado, o de ser culpado na hora da crise por tudo e de falarem mal de você por trás, tente estragar.
O problema é que sempre (ou quase) tem um joio no trigal do partido e ele contagia. Pense, se tá tão bom assim, eu vou bater de frente com aquele correligionário safado? Depois a maracutaia começa a se espalhar primeiro naqueles que têm uma blindagem menor contra a corrupção. Sendo nível 10 aqueles incorruptíveis, 9 - aqueles que roubariam num caso de doença extrema na família, 8 - dívidas com a faculdade do filho, 7 - o desejo de dar uma vida melhor para os seus e assim vai até 1 ou 2 - aqueles que vão na onda, podem até ser menos vorazes, cobrar uma comissão menor ou até fazer alguma coisa boa para contrabalançar e aliviar a consciência.
Muitos políticos param suas atividades anteriores, quando eleitos e ficam preocupados se o mercado vai aceitá-los de volta quando o mandato terminar, então a maracutaia ficaria como uma espécie de poupança pro futuro.
As pessoas de bem também pecam por omissão, não querem sair da "zona de conforto", preferem trabalhar com entidades sem a pecha de político corrupto, ainda mais que não temos o cuidado de checar se toda a informação sobre o político é correta, então o medo de ser mal interpretado nas suas ações e até mesmo que a tentação do poder seja mais forte que suas convicções. Então talvez a maioria seja mesmo desonesta, simplesmente vencem por "WO", por falta de adversário.
Eu gostaria de ser político, mas existe um partido que seja um reduto só de pessoas incorruptíveis? Que não aceite pessoas com problemas na justiça e que não se coligue com partidos que tenham políticos com "ficha suja"? Todo partido pequeno logo se coliga com o partido do governo por uma questão de sobrevivência. Então tem jeito?
Olha, se você me provar que existe uma alternativa assim, que não seja radical, eu posso até me filiar. Ou então vamos formar um partido, não vai nem eleger síndico de prédio. Uma sugestão: PDQ - Partido Don Quixote.
PS - Atenção para a cilada: Seja Dilma, seja Serra ou qualquer outro, esperto mesmo é o PMDB e outros que seguem a cartilha de esperar quem assuma e logo formarem a base em nome da "governabilidade". Bjos.

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