Abrolhos

domingo, 21 de março de 2010

Eu e o Vício

Tudo no cérebro é difícil. Na evolução do Homem, sendo a mente um reflexo do espírito, vamos nos arraigando em convicções, revoltas, virtudes e defeitos. E como é difícil mudar! A solidez do nosso pensamento é tanta que pessoas passam a vida inteira tentando e não conseguem. É como fazer uma reforma da casa começando pelos alicerces. Por isso eu vou começar a estudar mais a neurolinguística. A evolução da psicologia.
Eu tenho um perfil de adicto. Não é nada tão daninho quanto cocaina, crack ou heroína. Mas eu não posso ver sudoku, paciência spider, zuma e outros jogos que me testem o raciocínio ou os reflexos que eu perco o controle do tempo, o domínio sobre mim mesmo. No fundo é a mesma coisa, talvez melhorada. Talvez eu fosse mais autodestrutivo em encarnações passadas.
Então eu consigo saber o que se passa na cabeça de um viciado, de um compulsivo. É como um estado de infelicidade ou "sub-felicidade" crônica. Que caminha em ciclos de euforia e depressão por culpa. Mecanismos disparam quando há perda ou ansiedade e, se você teve uma infância complicada, então, é pior. E corre pro vício. O adicto tem que ocupar sua mente com coisas construtivas, que melhorem sua auto-estima, como escrever um blog, por exemplo. Mas ele tem que vencer um muro de concreto todos os dias para condicionar sua mente a entrar nesta esfera de pensamento positivo. Quando eu me pego jogando, eu me xingo por um bom tempo depois, aí passa um tempo, a idéia de jogar já não me parece tão ruim e se repete todo o ciclo. Será que quando morremos o umbral, ou purgatório, se preferirem, tem um banho de creolina, como dizia minha avó, que tire o grosso deste desvio? Eu não acredito que Deus faça nada por completo que não exija uma parte do nosso esforço, mas, se já é difícil para mim, imagino como o é para alguém que passe mal, até fisicamente, quando fica sem sua droga. É um trabalho de Hércules. Então me emociono até às lágrimas, quando alguém consegue superar seu vício, aflora o seu lado maravilhoso, que no fundo, o adicto é. Bem, eu não sei quanto àqueles que matam para manter a droga, acho que estes não, ainda não evoluiram no amor. Eu trabalho com AIDS e vejo pessoas boas nestas condições, em diferentes estados de espírito. É engraçado, mas surge uma cumplicidade natural. Não chego com o dedo em riste, até porque, segundo minha ex-psicóloga Nely, por sinal uma pessoa fantástica, me disse que não adianta nada. A culpa gerada, por exemplo, quando uma família aje com agressividade com o doente, gera uma culpa tão grande, que ele chuta o balde e vai p/ a droga.
É curioso ver os casais em que um deles tem o problema mais em evidência. Você vê claramente, que a outra pessoa não está bem. São cuidadores que se anulam para salvar o outro. Perdem, ou não têm amor próprio e, às vezes, estão pior.
De qualquer forma, é um atraso na nossa vida. A humanidade ainda não sabe exatamente o que fazer com o adicto, existem muitas variáveis nesta inequação e todos temos um "quezinho" de vício. É o livre arbítrio, é a intenção de ajudar, é o custo social e familiar que o vício causa, é a cadeia que coloca bons e maus no mesmo balaio. Eu já escrevi, num artigo anterior, o que eu acho que a Lei deve fazer, é só procurar.
Agradeço a Deus, que me inspira a escrever e me põe pessoas maravilhosas no caminho, como minha mulher e os amigos da Casa Francisco de Assis, que qualquer dia eu escrevo à respeito. Bjos.

Um comentário:

  1. Oi Lineu, tudo bem?
    Você me apresentou mais um adjetivo para minha bagagem, um ser adicto, que claro, com minha curiosidade virginiana (culpa de mercúrio) fará com que eu leia textos e mais textos a respeito do assunto. Me identifiquei com sua "mania" com relação aos jogos, mas não com sua culpa por 'PERDER' tempo em se entreter com eles ( SE QUISER, POSSO AUMENTAR A SUA LISTA COM MAIS JOGOS DESSE GÊNERO), mas tenho uma visão mais complacente a esse respeito: entendo sim que a vontade de jogar se faz, por vezes, quase que incontrolável, mas tb percebo que isso acontece quando minha mente está desorganizada e daí, me valho do jogo pra reorganizar meus arquivos mentais. Não consigo enxergar isso como uma busca ilusória na fuga dos problemas comuns. Sou uma pessoa muito mental e a busca pela perfeição (organização interna, principalmente) se torna estressante visto que no dia a dia não somos poupados de contratempos, faz com que , por alguns minutos, eu encontre nestes jogos a chave para meu relaxamento, funcionando como uma dose de serotonina, (o que chega nesse nível próximo a uma droga propriamente dita), só que muito mais saudável porque quando acabo de jogar, não cometi nenhuma agressão a mim nem a ninguém. Minha mente se reorganiza e fico menos estressada.
    Entendo que nos casos de vícios com drogas a situação seja muito mais grave e de complexa solução...mas, fiquei na dúvida....sou também um ser adicto e a reorganização mental que alcanço é ilusória? hein?????..............

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